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Por que o preço dos combustíveis subiu?

  • Foto do escritor: levi cezar
    levi cezar
  • 2 de mar. de 2022
  • 3 min de leitura

Há algumas semanas, o preço do combustível começou a subir, especialmente no dia 10 de março de 2022, quando houve um aumento único de 18,77% na gasolina e 24,9% no diesel. Mas o que influencia o preço do combustível? Existem diversos fatores que impactam esses valores, e aqui estão algumas explicações.


É frequentemente dito que o Brasil é autossuficiente em petróleo e que a culpa pelo valor alto é do Governo Federal, especialmente do Bolsonaro. Isso é verdade — em partes. Somos autossuficientes em petróleo e, sim, o Governo Bolsonaro tem alguma responsabilidade. Mas, antes de tudo, é muito importante entender que, por exemplo, existe a questão química e da tecnologia necessária para cada tipo de petróleo ser refinado. Ou seja, nem todo petróleo é igual e/ou serve para a mesma coisa ou tem o mesmo custo de produção. Também é importante ressaltar que as refinarias brasileiras começaram, em grande parte, a ser construídas nos anos 70. Ainda assim, o Brasil importava muito petróleo de um tipo leve. Porém, com a descoberta e a extração do petróleo da Bacia de Campos, o país mudou a tecnologia para se adaptar ao petróleo brasileiro, do tipo pesado. Mais tarde, o Brasil descobriu o pré-sal, um petróleo mais leve e extraído em águas profundas, que possui características diferentes. Além disso, produzir petróleo leve e refiná-lo em uma refinaria projetada para petróleo pesado é um desperdício de recursos. Apesar de hoje produzirmos cerca de 3 milhões de barris por dia, exportamos cerca de 1 milhão por dia também e importamos mais de 1 milhão de barris — que são indexados ao dólar!



Outro ponto básico e até que simples, é entender a oferta e demanda de petróleo. Ou seja, o Brasil precisa importar o petróleo ofertado por outros países, mas se algum desses países está com dificuldades/incertezas ou aconteceu algum evento que interferiu na produção diária, isso consequente afeta o preço, pois a demanda segue a mesma e a produção está reduzida! Isso não somente para o Brasil, mas existem outros players internacionais que demandam do mesmo produto. Ainda sobre a oferta, é muito importante entender quem são os principais exportadores de petróleo para o mundo. O 1º lugar é do Estados Unidos (14,837,639,510/dia), 2º Arábia Saudita (12,402,761,040/dia) e 3º Rússia (11,262,746,200/dia). Aqui nós encontramos o X da questão. A Rússia, o terceiro maior produtor, entrou em uma guerra inédita, que não era vista desde a segunda guerra mundial. O que acabou acarretando em diversos fatores, principalmente questões geopolíticas, já que havia tempos que uma guerra não acontecia na Europa. Além das questões geopolíticas — que rendem um artigo próprio e isso fica pra próxima — os países preferiram responder à invasão com sanções econômicas ao país (Rússia). Ou seja, o terceiro maior produtor de petróleo do mundo entrou em xeque, gerando incertezas, aumento de preço não somente no petróleo exportado da Rússia, mas todos os bens energéticos. Além das claras incertezas para a Rússia, existe a incerteza de como ela irá continuar a lidar com a situação e de o que os demais países irão fazer. E no mundo financeiro, o dólar é um pendulo muito importante para tudo, e, consequentemente, em incertezas ele tende a subir muito. Ou seja, o petróleo que o Brasil importa, que é indexado ao dólar, fica ainda mais caro.



Além disso, existe uma questão muito complexa no Brasil: a política tributária. O Brasil é um dos países com a maior carga tributária no mundo e uma das mais complexas. Existem diversos tipos de tributação em todo esse processo, desde a extração até chegar na bomba de combustível. São esses impostos: ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), CIDE, PIS/Cofins. E, também, o preço do etanol. Além disso, o consumidor tem de pagar os custos de distribuição e revenda, que incluem margem de lucro — aliás, ninguém vai se dar ao trabalho de fazer algo sem obter lucro.


De maneira didática, esses são os principais fatores que influenciam o valor do combustível. Existe uma crise energética internacional, mas há tempos o Governo Federal vem trabalhando com uma política cambial de depreciação, o que, normalmente, desfavorece muito o consumidor final. Além disso, a falta de reformas, como a tributária, é uma escolha péssima, que também impacta o consumidor final de qualquer bem.

 
 
 

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