Crítica: O menu
- levi cezar
- 20 de jan. de 2023
- 2 min de leitura
Atualizado: 14 de out. de 2024
Dirigido por Mark Mylod e estrelado por Anya Taylor-Joy, Ralph Fiennes e Nicholas Hoult, O Menu é ambientado no restaurante de um renomado chef, Julian Slowik (Ralph Fiennes), que convida um seleto grupo de pessoas para uma experiência gastronômica — até aqui, tudo parece ótimo. Contudo, a experiência acaba “superando as expectativas” dos convidados, especialmente de Margot (Anya Taylor-Joy).
Em diversos aspectos, o filme lembra muito Midsommar e Hereditário, de Ari Aster. Começando pela vibe sistemática e organizada dos funcionários do restaurante e pela completa sensação de estarmos adentrando em um culto sagrado — do qual você é a presa. Além disso, e não por coincidência, a trilha sonora é composta por Colin Stetson, o que ajuda a criar a estranheza do que está acontecendo e, principalmente, a ideia de propósito do menu.
O filme possui diversas alegorias. A começar pelo grupo selecionado para estar lá, com exceção de Margot, que foi uma substituta de última hora do par de Tyler (Nicholas Hoult), todos representam algum tipo de elite: investidores, críticos gastronômicos, produtores de conteúdo, entre outros ricaços. Enquanto os cozinheiros representam aqueles que atendem às exigências desconexas da realidade de um pequeno grupo. O produto/serviço é representado pela comida, que acaba se perdendo em meio a tanto conceito e exigências desnecessárias, com o único intuito de gastar dinheiro. Em certo ponto do filme, dadas as circunstâncias de que Margot não deveria estar ali e de que ela serve muito como representação do telespectador, surge o seguinte diálogo entre ela e o Chef.
Chef — A pergunta é: Quer morrer com quem fornece, ou com quem toma?
Margot — Mas eu morro de qualquer forma? é Arbitrário.
Chef — Não é arbitrário. Nada nesta cozinha é arbitrário
Ainda sobre o Chef, em determinado momento do filme, ele retrata uma questão que lhe foi imposta: a perfeição. Ele busca por ela, mas sabe que é apenas uma idealização inexistente. Ao servir pratos que fogem da sua principal e maior função, ele perde o prazer em cozinhar. Dentre todos os pratos feitos, repletos de conceito, em nenhum momento ele sente prazer em fazer aquilo que ama tanto — cozinhar. O único momento em que ele demonstra prazer em cozinhar é na cena final com Margot.
Para os telespectadores que esperam um filme como Burnt — que também é uma excelente escolha e aborda temas difíceis e pesados, como o alcoolismo — ou a recém-lançada série The Bear, não se decepcionarão. No entanto, encontrarão, assim como os convidados do filme, uma trama bem diferente do esperado, exigindo um pouco mais de atenção aos diálogos e contextos.
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